Que tipo de Umbanda é essa? (A Pomba Gira cachaceira)
Escrito por Pai Paulo
Comentário do Pai de Santo
A “Pomba Gira”(1) cachaceira
Certa vez a noite estava em um tremendo congestionamento em uma das avenidas do município de Guarulhos/SP próximo à via Dutra, quando comecei a ouvir o som de atabaques. Procurei identificar o local de onde vinha o som e notei que partia de um pequeno salão uns 10 metros adiante. Estacionei e cheguei até a porta do salão, minha intenção era conhecer mais um terreiro enquanto esperava que o trânsito voltasse a fluir novamente. O nome do terreiro era “Templo de Umbanda Jupira da Mata e Maria Cigana”.
Nessa época eu já sabia que terreiros que adotam “nomes cruzados” (2) eram problemáticos. Quando entrei no salão, encontrei um local tétrico. O salão de aproximadamente 50 metros quadrados estava muito sujo e dividido em dois ambientes, um para a assistência e outro para o ambiente do gongá. No gongá estavam colocadas as imagens católicas que todos conhecemos, as imagens tinham aproximadamente 20 centímetros de altura, outras eram menores ainda. Na parede oposta ao gongá havia a imagem da pomba gira cigana em tamanho natural, ou seja, era do tamanho de uma mulher com 1,75 m. de altura e nos pés da imagem estavam acesas velas pretas (que não existem na Umbanda) com algumas garrafas de pinga. Achei o fato interessante por destoar tanto, já que os santos mereciam pequenas imagens empoeiradas e a linha da esquerda era amplamente reverenciada, sentei na cadeira e fiquei observando. Os atabaques eram batidos em som altíssimo, chegava a perturbar. Na corrente haviam doze médiuns, todas moças na faixa de vinte anos, meninas para falar a verdade e todas cantavam pontos de saudação aos Orixás.
Após uns vinte minutos chegou a mãe de Santo para abrir os trabalhos, era uma mulher de aproximadamente 50 anos e uns 120 quilos de peso, estava vestida de vermelho com detalhes em dourado na sua roupa, a roupa para dizer a verdade até que era bonita.
Iniciou-se o ritual de chamada, chamando diretamente a Maria Cigana, que após chacoalhar energicamente a mulher, aparentemente incorporou na mãe de santo. A primeira coisa que lhe deram foi um cigarro em uma piteira dourada e uma garrafa de pinga, o que achei estranho, porque Pomba Gira normalmente bebe champanhe, mas aquela tomava pinga. As médiuns da corrente não incorporavam, só assessoravam a Maria Cigana. E após alguns minutos, depois de cantar e dançar a Maria Cigana ordenou.
- Que entre meu primeiro filho.
O primeiro filho era um senhor de aproximadamente 40 anos e devia ser operário de alguma indústria próxima, por que deixou sua marmitinha na cadeira e entrou para conversar com a Maria Cigana.
Após um acalorado e demorado abraço em seu consulente, a Maria Cigana perguntou a ele:
- Você quer com ou sem?
O homem respondeu:
-Eu quero com!
Após ouvir a resposta a Maria Cigana encheu a boca de pinga e beijou o homem na boca e injetou a pinga dentro da boca dele. Quase cai da cadeira, como podia estar acontecendo uma coisa medonha como aquela, como uma pessoa em seu bom senso pode permitir situação tão imoral.
Logo após o atendimento desse homem, que antes de ir embora tomou mais uma esguichada de cachaça na boca, entrou uma moça de uns 20 anos, que também ouviu a mesma pergunta, “com ou sem”, a moça é lógico respondeu sem.
Durante a consulta, à moça ouviu um monte de atrocidades, ouviu que havia trabalho feito para ela e que ela não conseguiria se casar com homem algum por causa desse trabalho. A menina apavorada perguntou o que fazer e ouviu de uma das cambones que teria que fazer um trabalho de limpeza para anular o que lhe haviam feito e que esse trabalho lhe custaria algum dinheiro.
Logo em seguida entrou outro homem, bem vestido, que ao chegar perto da Maria Cigana, já foi logo dizendo “com” e tomou também a sua cachaça.
Fui embora atordoado e muito triste. Como podia alguém denegrir de tal forma a religião de Umbanda, como podia cometer tal atrocidade. Como podia alguém desrespeitar de tal forma as coisas Santas.
A partir daquele dia, passei a dedicar uma parte do meu tempo no terreiro e também fora dele junto à fiscalização, para o fechamento daquele antro, o que consegui após 65 dias.
Agora analise com o seu bom senso se uma situação imunda como aquela pode ser chamada de ritual de Umbanda. Aquilo não era um ritual de Umbanda, era na realidade safadeza de baixo nível. Na realidade aquela mulher não era uma Mãe de Santo, era uma imoral que se dizia umbandista quando na realidade não era nada, o espírito que lá incorporava, SE É QUE HAVIA INCORPORAÇÃO, não era uma pomba gira verdadeira, as “comadres verdadeiras” (3) não se comportam dessa forma. Se havia incorporação verdadeira tratava-se de um “rabo de encruza” (4) uma classificação de espíritos de baixíssima evolução, verdadeiros marginais do astral que normalmente mistificam os exús. A intenção primária daquela mulher era atrair pessoas desavisadas, normalmente muito perturbadas que procuram soluções milagrosas para seus problemas e normalmente se dão muito mal nesses locais.
O objetivo de um local como aquele ao colocar uma placa informando ser um templo de Umbanda, quando na verdade aquele local era uma mentira, era atrair gente ignorante em relação ao que praticamos. A intenção era extorquir dinheiro de infelizes, que ignorantes procuram esse tipo de solução para seus problemas.
Esse tipo de conduta aumenta seriamente o “karma” (5) de qualquer um que aja dessa forma, é um dinheiro amaldiçoado e aquele que assim vive, explorando gente incauta e muitas vezes inocente, pagará exemplarmente no mundo espiritual por todo dinheiro arrecadado em nome de Deus e das coisas Santas, um dia conhecerão a justiça divina e nessa ocasião sentirão no próprio couro o que significam “trevas e ranger de dentes”.(6)
Ignorantes como aquela, conheci aos montes. Nossa religião está farta dessa gentalha, estamos cansados de sermos acusados de praticar monstruosidades como aquelas. São imorais, gente de mau caráter, exploradores da fé das pessoas que desconhecem as nossas práticas. Acredito até que as verdadeiras comadres fiquem ofendidas com essas mistificações baratas e mesquinhas.
Como aprendi e vivo ensinando, os exús não pertencem às práticas rituais de Umbanda, nos terreiros sérios nunca são evocados para dar atendimento às pessoas que procuram os nossos templos. Exú é assunto sério e a eles não se pedem favores sem a supervisão de nossos Guias
Para fechar o local fiz de tudo, desde reclamações à fiscalização municipal e estadual, já que não havia ata e estatuto de fundação e muito menos alvará de funcionamento (e também uns “trabalhinhos)”.
Um local como esse não pode ser chamado de Umbanda, na realidade não era nem “Quimbanda”, na verdade é até difícil conseguir adjetivos que possam classificar um local imundo como aquele.
Essa escória infelizmente transmite aos que não compreendem o que é Umbanda, justamente o que a Umbanda não é, e o que a Umbanda não pratica.
Site Núcleo de estudos São Sebastião
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Sou uma rosa, sou um perfume,
sou a mais bela de qualquer jardim,
ouço lamentos, ouço queixumes,
não há mulher que não venha até mim.
Sei seduzir, me deixo seguir,
a palavra dificil para mim não existe,
de preto e vermelho, ou sem me vestir,
homem algum a mim me resiste.
Bebo champanhe, fumo cigarro,
digo mil coisas sem nunca falar,
sei ler na mão, jogo o baralho,
a mim só me engana quem eu deixar.
Se alguém precise e me queira encontrar,
siga o perfume em noite de luar,
diga meu nome sem se enganar,
sou Pombagira, a rua é meu lar.
Autor: Paulo Lourenço
POMBAGIRA SETE SAIAS DO CABARÉ
DONA SETE SAIAS, É MOJUBÁ!