O quê é um Amalá?
Na Umbanda trabalha-se com os quatro elementos da Natureza: água, fogo, terra e ar, como matéria-prima básica de tudo que existe. Estes elementos, manejados de acordo pelas entidades, promovem o equilíbrio, o descarrego, a harmonia. Na Umbanda, em respeito a Natureza, nada pode ser retirado sem uma restituição ao elemento básico.
Muitas vezes, ao entregar-se determinada oferenda, por afinidade fluídica, a mesma fica saturada dos fluídos densos retirados do solicitante, pelas entidades. Assim, por exemplo, os Exus utilizam o álcool com fins de evitar os vícios no médium; o dendê, para evitar a desordem psíquica; a farofa, para trazer bens materiais (alimentação); a pipoca, para atrair doenças cármicas dirigidas ao médium e etc
Como todos sabem as religiões de matriz africana utilizam-se das oferendas em sua prática ritual. O amalá é elemento indisociável na Umbanda e deve ser feito por todos os inciados e iniciadas nesta religião. Muitos perguntam o por quê destas entregas, outros simplesmente as fazem, mas não sabem exatamente o motivo ou finalidade.
Não existe meio para recebermos Axé sem que seja deitado um Amalá pra isto. Àse, do yoruba ou Axé em português é igual a: energia, poder, força da natureza. Poder de realização através de força sobrenatural. As entregas servem não só para compartilharmos com os Orixás, obter proteção, este ritual pode servir pra vários fins, quais? Bom, aí só os guias e Orixás sabem, entretanto o campo de força criado é sempre revertido em benefício de quem deitou a entrega.
O Axé está ligado diretamente com os amalás, este poder é transmitido através da manipulação correta de elementos e substâncias. Cada Orixá têm elementos correspondentes a sua vibratória cósmica originária, estes por sua vez são utilizados na oferenda, ou seja, o Axé de cada Orixá está inoculado nos alimentos, bebidas e freqüência das cores correspondentes a cada vibratória original.
O Axé é encontrado em qualquer elemento material, pois a matéria nada mais é que o reflexo das energias cósmicas, sintetizadas nos elementos químicos que compõem o universo. Esta dádiva divina é disponibilizada no plano material para que façamos uso de acordo com nossas necessidades e livre-arbítrio. O Axé está presente, basicamente, nos 4 elementos.
Reunimos este materiais com a finalidade de retribuir as dádivas a seus provedores, os Orixás, criamos um campo de força, este por sua vez é assimilado pela Linha a que se dirige a oferenda. Desta forma compartilhamos elementos indispensáveis ao nosso sustento físico com Aqueles que gentilmente os disponibilizaram.
Todos somos formados pelos mesmos elementos que compõe os amalás. Segundo o filósofo e teólogo Bentto de Lima, na Umbanda existe uma interligação simbólica entre esses diversos usos, de modo que os elementos se combinem. Desta ligação entre os elementos resulta a eficácia mágica dos ritos. Enfim, tudo que conhecemos é impregnado pelo Axé.
No amalá, simplesmente, estamos libertando este Axé de sua ligação com a matéria, enviando-o de volta a sua origem. Provamos ao Orixá que não vivemos como servos dos sentidos, mostrando nosso desapego a matéria e transmutando-a novamente em Axé. A energia resultante desta prática ritual, depois de sua passagem pelo astral, nos é retribuída em benefício do fiel que, com fé e na fé, deitou os elementos no amalá.
Nesta comida ritual votiva, está presente o significado da vida e da morte, afinal o amalá queima e apodrece, transformando-se, do latim transformatione* = trans ("movimento para além de", "através de"; "posição para além de"; "posição ou movimento de través") + formatione. "Ato, efeito ou modo de formar". É o ato ou efeito de transformar-se, vale dizer, dar nova forma, feição ou caráter a algo, abstrato ou concreto, pessoal ou não; tornar-se diferente do que era; mudar-se, alterar-se, modificar-se, transfigurar-se, metamorfosear-se. Esta ação resulta uma nova energia, modificada em sentido amplo, relativamente ao estado original. Nessa compreensão ampla, o novo estado pode eventualmente coincidir com o estado original. (*wikipédia)
Muitos falam em sangue, pois pasmem, a seiva do vegetal também é sangue! Água, sal e carvão são sangue de origem mineral. Inclusive é importante lembra que nosso irmão do Candomblé ofertam nos amalás somente o sangue e as vísceras do animal, a carne é preparada por uma Iyabassê e servida aos seguidores desta religião como refeição impregnada de Axé... explicação que considero importante, porém tendo em vista que não é o nosso caso, na Umbanda. Esta observação apenas faço para esclarecer os que não toleram esta religião de matriz africana, que cultua os mesmos Orixás que nós. Ao menos eu, afirmo, não mato animais e não uso sangue em rituais, apesar de apreciar muito um churrasco e um galetinho.
Concluindo, o Amalá é um banquete que servimos aos verdadeiros Senhores e Senhoras da esfera que habitamos, vulgarmente falando, nossos Senhorios, que nos emprestam esta morada que vaga pelo infinito. Se comemos, bebemos, fumamos (quem não fuma usa combustíveis ou energia) e etc... nada mais justo que compartilhemos com estes, que além de locatários de nosso terreno são também parentes, nossos pais. Injusto é quem sacia seu desejo carnal através da boa mesa e não lembra de convidar tão ilustres Deuses e Deusas para a ceia. Convide seu pai e sua mãe para o banquete que serve, em troca receba gratidão, amor, Axé!
Finalizando esta breve explanação sobre a prática ritual do amalá, importante é também fazer aqui uma observação quanto a questão ecológica. Não deixe materiais que não sejam biodegradáveis na natureza. Use coités para as bebidas e leve embora consigo latas e garrafas. Ao invés de alguidares e pratos use o purungo (cabaça), folhas de bananeira ou peneiras de palha. Faça aos Orixás o que quer que Eles lhe façam, e ao planeta o que você espera que Ele faça por você.
Saravá!
Pai Ronald - Rio de Janeiro
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Sou uma rosa, sou um perfume,
sou a mais bela de qualquer jardim,
ouço lamentos, ouço queixumes,
não há mulher que não venha até mim.
Sei seduzir, me deixo seguir,
a palavra dificil para mim não existe,
de preto e vermelho, ou sem me vestir,
homem algum a mim me resiste.
Bebo champanhe, fumo cigarro,
digo mil coisas sem nunca falar,
sei ler na mão, jogo o baralho,
a mim só me engana quem eu deixar.
Se alguém precise e me queira encontrar,
siga o perfume em noite de luar,
diga meu nome sem se enganar,
sou Pombagira, a rua é meu lar.
Autor: Paulo Lourenço
POMBAGIRA SETE SAIAS DO CABARÉ
DONA SETE SAIAS, É MOJUBÁ!