Pomba Gira do Cemitério, usa roupa negra. As velas são pretas, preta e branca e brancas.Usando também como toda Pomba Gira, velas vermelhas.
Oferendas nos cemitérios e terreiros.
Eu sou realmente um espírito muito antigo. E não que os espíritos sejam mais novos ou mais antigos, mas o meu ciclo de convívio na terra é um ciclo de convívio razoavelmente grande e que me torna apta a compreender as dificuldades do ser humano. Então, eu quero mesmo é voltar pro lugar do exus. Eu quero ficar é nessa metáfora que é o cemitério. Porque o cemitério é uma metáfora, é uma metáfora do desuso, da saudade, do culto a aquilo que não se tem mais. É uma metáfora das nossas próprias origens. E é daí que eu sou, das origens.
As origens, assim como o cemitério, elas são insondáveis, não dá pra saber nem como começou, nem como vai terminar. Então uma das provas de que a coisa não vai terminar sou eu, porque ninguém sabe onde a coisa começou.
Vocês são, como muitos outros, a luz da Terra.
A luz que desceu para a Terra.
A Terra durante muito tempo era um planeta de expiação. Hoje considera-se que o planeta Terra é um planeta escola. Então é assim: você está na escola e tem que fazer um trabalho, mas você não faz. Tem que fazer o ano de novo. E se você não estuda, você não passa e tem que fazer tudo de novo.
Isso é carma, filha?
Não, isso é o passo que você tem que cumprir e não conseguiu cumprir ainda. Isso, filha, faz parte do aprendizado. E você tem que fazer de novo não porque você é ruim, mas porque você não tava pronto ainda. Entendeu?
A noção do carma para os povo orientais é muito bem compreendida. Para os povos ocidentais que ela veio substituir o castigo celestial. Então, o que a Velha não quer que aconteça é que se pense o carma como castigo, mas que se pense o carma como aprendizado. Como uma lição, sabe? Aí quando se aprende a lição, passa de ano.
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Sou uma rosa, sou um perfume,
sou a mais bela de qualquer jardim,
ouço lamentos, ouço queixumes,
não há mulher que não venha até mim.
Sei seduzir, me deixo seguir,
a palavra dificil para mim não existe,
de preto e vermelho, ou sem me vestir,
homem algum a mim me resiste.
Bebo champanhe, fumo cigarro,
digo mil coisas sem nunca falar,
sei ler na mão, jogo o baralho,
a mim só me engana quem eu deixar.
Se alguém precise e me queira encontrar,
siga o perfume em noite de luar,
diga meu nome sem se enganar,
sou Pombagira, a rua é meu lar.
Autor: Paulo Lourenço
POMBAGIRA SETE SAIAS DO CABARÉ
DONA SETE SAIAS, É MOJUBÁ!